Um novo estudo realizado por pesquisadores do Instituto Zuckerman da Universidade de Columbia revelou que o cérebro tem uma capacidade surpreendente de controlar o sistema imunológico, influenciando a inflamação no corpo. Essa descoberta, publicada na revista Nature, destaca o papel crucial do cérebro na detecção, ampliação e contenção da resposta inflamatória, contribuindo para uma compreensão mais profunda do eixo corpo-cérebro e suas implicações para a saúde.
O Eixo Corpo-Cérebro e a Imunidade
Os recentes avanços tecnológicos em rastreamento de circuitos e tecnologia unicelular permitiram aos cientistas explorar a complexa relação entre o cérebro e o sistema imunológico. Essa relação é mediada pelo eixo corpo-cérebro, uma via vital que transmite informações entre os órgãos e o cérebro, influenciando diversas funções biológicas.
A equipe de pesquisadores da Columbia, liderada por Charles S. Zuker, investigou especificamente as conexões entre o cérebro e a imunidade inata, o componente mais antigo do sistema imunológico. Diferentemente da imunidade adaptativa, que se lembra de encontros anteriores com patógenos, a imunidade inata responde a ameaças comuns de forma rápida e inespecífica.
O Papel do cNST na Resposta Inflamatória
Os pesquisadores descobriram que um composto bacteriano, ao desencadear uma resposta imunológica inata em ratos, ativou o núcleo caudal do trato solitário (cNST) no tronco cerebral. O cNST desempenha um papel crucial no eixo corpo-cérebro e é um alvo primário do nervo vago, que conecta o cérebro aos órgãos internos.
Supressão e Ativação do cNST
A equipe demonstrou que a supressão química do cNST resultou em uma resposta inflamatória descontrolada, com níveis de moléculas pró-inflamatórias mais de três vezes superiores ao normal e níveis de moléculas anti-inflamatórias cerca de três vezes inferiores. Em contraste, a ativação artificial do cNST reduziu os níveis de moléculas pró-inflamatórias em quase 70% e aumentou os níveis de substâncias químicas anti-inflamatórias quase dez vezes.
Essa descoberta sugere que o cNST funciona como um termostato para a resposta inflamatória, aumentando ou diminuindo a atividade inflamatória conforme necessário para manter o equilíbrio do corpo.
Implicações Terapêuticas e Controle de Doenças Autoimunes
Os achados sugerem que a manipulação desse circuito cerebral recém-descoberto pode oferecer novas maneiras de tratar doenças autoimunes e condições inflamatórias desreguladas. Isso inclui doenças como artrite reumatóide, diabetes tipo I, esclerose múltipla, lúpus, doença inflamatória intestinal e doença de Crohn, além de condições relacionadas à COVID-19, como a rejeição imunológica de órgãos transplantados e tempestades de citocinas.
Essas descobertas também se alinham com estudos anteriores que mostram que a estimulação elétrica do nervo vago em humanos pode reduzir respostas inflamatórias, sugerindo que os achados do estudo podem ter aplicações além dos ratos.
Novas Janelas para a Fisiologia Corporal
O Dr. Zuker, professor de bioquímica, biofísica molecular e neurociência na Faculdade de Médicos e Cirurgiões Vagelos de Columbia, destaca que a identificação de grupos específicos de neurônios no nervo vago e no cNST, que ajudam a detectar e controlar a atividade inflamatória, abre novas janelas para compreender como o cérebro monitora e modula a fisiologia corporal.
Isso também oferece um novo local terapêutico para controlar a inflamação e a imunidade, com o potencial de desenvolver tratamentos para uma variedade de doenças e distúrbios imunológicos, contribuindo para uma melhor saúde global.
Controle Cerebral sobre a Inflamação e Implicações Futuras
A descoberta de que o cérebro pode influenciar diretamente a resposta inflamatória, através do circuito cNST e do nervo vago, fornece uma compreensão mais profunda sobre a interação entre o cérebro e o sistema imunológico. Essa descoberta abre caminho para novas terapias para doenças autoimunes e condições inflamatórias, oferecendo uma esperança significativa para pacientes que sofrem de distúrbios imunológicos.
Além disso, as descobertas destacam o papel vital do eixo corpo-cérebro na fisiologia corporal, fornecendo insights valiosos sobre como o cérebro monitora e controla o corpo, e indicando o potencial de pesquisas futuras para desenvolver tratamentos que aproveitem esse circuito recém-descoberto.
O estudo, “Um circuito corpo-cérebro que regula as respostas inflamatórias do corpo”, foi realizado por uma equipe de pesquisadores liderada por Hao Jin e Charles S. Zuker, e fornece uma base sólida para avanços futuros na área de imunologia e neurociência.
Fonte: https://www.news-medical.net/news/20240502/Columbia-researchers-uncover-brains-ability-to-control-inflammation.aspx
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