A Operação Prato, realizada entre 1977 e 1978 na região de Colares, no estado do Pará, é considerada um dos casos mais intrigantes e bem documentados da ufologia brasileira. Esta investigação militar, conduzida pela Força Aérea Brasileira (FAB), tinha como objetivo apurar uma série de avistamentos de objetos voadores não identificados (OVNIs) e relatos de ataques a moradores locais por luzes misteriosas.
O Início dos Eventos
Em setembro de 1977, moradores de Colares e cidades vizinhas como Mosqueiro e Ananindeua começaram a relatar avistamentos de luzes estranhas no céu noturno. Mais alarmante ainda eram os relatos de ataques por essas luzes, que ficaram conhecidas como “chupa-chupa” ou “luz vampira”.
A Dra. Wellaide Cecim Carvalho, então diretora da Unidade de Saúde de Colares, descreveu os sintomas apresentados pelas supostas vítimas:
“Os pacientes chegavam à clínica com sintomas de anemia, tonturas e febre, além de marcas de queimaduras de primeiro grau em seus corpos. Havia dois orifícios paralelos na pele, como se agulhas tivessem perfurado”.
O jornalista Carlos Mendes, que entrevistou cerca de 80 testemunhas, relembra: “Nunca esquecerei o pânico nos rostos daqueles que afirmavam ter sofrido ataques de luzes que desciam do céu e sugavam seu sangue”.
A Mobilização Militar
Diante do pânico que se instaurou na população, o prefeito de Colares solicitou assistência militar. Foi então que o Coronel Camilo Ferraz Barros, chefe da 2ª Seção do COMAR 1 (Comando Aéreo Regional), convocou o Capitão Uyrangê de Hollanda Lima para liderar a missão.
A Operação Prato foi oficialmente iniciada em 20 de outubro de 1977, com a primeira missão durando até 11 de novembro do mesmo ano. Durante os quatro meses de investigação, a equipe do Capitão Hollanda coletou uma quantidade impressionante de evidências:
- Mais de 500 fotografias;
- 16 horas de filmagens em formatos Super-8 e Super-16;
- Um relatório de aproximadamente 2 milhões de páginas e
- Relatos e Evidências.
Um dos eventos mais marcantes ocorreu em 5 de dezembro de 1977. O Capitão Hollanda e o Sargento João Flávio Costa testemunharam um objeto enorme, com cerca de 100 metros de comprimento, sobrevoando o Rio Guajará-Mirim. O objeto, descrito como tendo formato de bola de futebol, foi fotografado e filmado pela equipe militar.
Hollanda descreveu o objeto em uma entrevista posterior: “Aquele monstro azul, embora tivesse um brilho muito intenso, podia ser olhado diretamente sem queimar os olhos”.
Em outro incidente, Hollanda e sua equipe, junto com agentes do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), observaram um OVNI em forma de disco, com cerca de 30 metros de diâmetro, pairando a 200 metros de altura sobre eles na Baía do Sol. O objeto foi descrito como tendo a parte inferior negra com uma luz âmbar no centro, emitindo lampejos de luz amarela e depois azul antes de desaparecer em alta velocidade.
Impacto na População
O fenômeno causou um profundo impacto na população local. Aterrorizados, os moradores se reuniam para tentar afastar os intrusos. Algumas das medidas tomadas incluíam:
- Acender fogueiras
- Bater panelas
- Soltar fogos de artifício
- Rezar o terço
- Montar guarda armados com paus, pedras e armas
Encerramento e Controvérsias
Apesar da abundância de evidências coletadas, a Operação Prato foi abruptamente encerrada por ordem do Brigadeiro Protásio Lopes Oliveira, comandante do 1º Comando Aéreo Regional (COMAR 1) em Belém. Esta decisão ainda intriga ufólogos até hoje.
O já falecido jornalista e ufólogo Ademar José Gevaerd, à época editor da revista UFO, comentou: “Infelizmente, todos os militares envolvidos na Operação Prato já faleceram. O último foi o Capitão Hollanda. A Força Aérea afirma que todas as informações relacionadas à Operação Prato foram tornadas públicas, mas eu não acredito nisso”.
O Caso do Coronel Hollanda
Um dos aspectos mais intrigantes e controversos da Operação Prato é o destino do Coronel Uyrangê Hollanda. Em agosto de 1997, Hollanda concedeu uma entrevista detalhada à revista UFO, revelando informações até então desconhecidas sobre a operação.
Pouco tempo após a entrevista, Hollanda foi encontrado morto em sua casa. Oficialmente, a causa da morte foi atribuída a suicídio, com relatos de que o militar estaria sofrendo de depressão. No entanto, a família do coronel contesta essa versão, alegando que ele teria sido assassinado. Este evento alimentou ainda mais as teorias conspiratórias em torno do caso.
Assista o depoimento do Coronel Hollanda na íntegra:
Documentação e Acesso Público
Embora muitos documentos relacionados à Operação Prato tenham permanecido em sigilo por anos, parte do material foi digitalizado e disponibilizado para acesso público no Arquivo Nacional. No entanto, ufólogos acreditam que a FAB ainda possui arquivos sigilosos, incluindo um acervo de fotos e filmes feitos durante a investigação.
Em 2004, a revista UFO, em parceria com a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), lançou a campanha “UFOs: Liberdade de Informação Já” para solicitar a abertura dos documentos oficiais sobre o assunto em posse das Forças Armadas. Como resultado, em 2005, membros da UFO e da CBU foram convidados a comparecer ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA) e ao Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA) em Brasília para examinar esses documentos.
A partir de 2007, a Aeronáutica, o Exército e a Marinha começaram a enviar documentos resultantes de suas pesquisas para o Arquivo Nacional em Brasília. Até abril de 2023, mais de 20.000 páginas de arquivos ufológicos foram liberadas.
Confira alguns desses documentos impressionantes:
No YouTube, o ufólogo Edison Boaventura chegou a disponibilizar diversos documentos fornecido pelas forças armadas sobre a operação e que se encontram no Arquivo Nacional, veja:
Na internet, existem diversos vídeos e documentários que abordam a Operação Prato. Alguns dos mais relevantes são:
1 – O episódio “Operação Prato” do programa Linha Direta Mistério, exibido pela TV Globo em 25/08/2005. Este episódio apresenta uma reconstituição dramática dos eventos, incluindo entrevistas com testemunhas e especialistas;
2 – Uma série de vídeos no canal CLK Podcast no YouTube, narrados por Fred Morsch (conhecido por seu trabalho no History Channel), que exploram diferentes aspectos da Operação Prato em detalhes.
3 – O documentário “O Caso Roswell Brasileiro – Operação Prato“, exibido originalmente pelo History Channel na série Arquivos Extraterrestres, que oferece uma visão abrangente do caso.
A Operação Prato permanece como um dos casos mais intrigantes e bem documentados da ufologia brasileira. Apesar das décadas que se passaram desde os eventos em Colares, o caso continua a fascinar pesquisadores e entusiastas, levantando questões sobre a natureza dos fenômenos observados e o real alcance das investigações governamentais sobre OVNIs no Brasil.
A combinação de testemunhos consistentes, evidências físicas e o envolvimento oficial das Forças Armadas faz da Operação Prato um caso único, que continua a desafiar explicações convencionais e a alimentar o debate sobre a possibilidade de visitas extraterrestres ao nosso planeta.
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