Arthur Conan Doyle e As Curiosas Fotos de Médiuns Manifestando Espíritos na Década de 1920

Em julho de 1923, Arthur Conan Doyle, célebre autor britânico e criador do icônico detetive Sherlock Holmes, desembarcou em Winnipeg, Canadá. Essa visita fazia parte de uma extensa turnê por 40 cidades norte-americanas, onde Doyle se propunha a discutir sobre espiritualismo em uma série de palestras intitulada “As Provas da Imortalidade”. Essas conferências atraíram grandes multidões, refletindo o interesse crescente pelo espiritualismo na época.

Doyle: O Escritor e o Espiritualista

Embora hoje seja principalmente lembrado como um mestre da literatura que deu vida ao famoso detetive Sherlock Holmes, Doyle também era um fervoroso espiritualista. Ele fazia parte de círculos que investigavam a crença religiosa de que as almas dos mortos podem interagir com os vivos. Sua dedicação ao espiritualismo era tão intensa quanto à sua escrita, o que muitas vezes surpreendia seus seguidores literários.

Uma Sessão Espírita em Winnipeg

Logo após sua chegada, Doyle e sua esposa, Jean Leckie Doyle, foram convidados a participar de uma sessão espírita liderada pelo Dr. Thomas Glendenning Hamilton e sua esposa Lillian, uma enfermeira treinada. O Dr. Hamilton, um conhecido médico local, tinha um interesse profundo por fenômenos paranormais e realizava sessões investigativas em sua própria casa, que estava equipada para essas práticas.

Experiências Paranormais Documentadas

Durante a primeira noite de sessão, Doyle testemunhou fenômenos que desafiaram sua compreensão. Em suas memórias, ele descreveu uma mesa luminosa que levitava e se movia pelo ar sem intervenção visível. O próprio Doyle relatou que a mesa se agitava “como um cão inquieto num canil”, um comportamento que todos os presentes atribuíram à intervenção de uma força invisível, que eles chamavam de “força psíquica”.

Levitações da mesa de telecinesia de Hamilton, 1926. (Arquivos e coleções especiais da Universidade de Manitoba).

As Investigações Fotográficas de Hamilton

Dr. Hamilton era também um ávido fotógrafo, cujo legado inclui uma vasta coleção de fotografias pseudocientíficas das sessões. Estas fotos, que mostram desde mesas giratórias até ectoplasmas sendo excretados por médiuns, eram originalmente vistas como provas científicas, mas hoje são mais valorizadas como arte visual.

Foto de Hamilton de Doyle manifestando-se como uma ‘personalidade transcendental’ no ectoplasma, 1932. (Arquivos e coleções especiais da Universidade de Manitoba).

Impacto e Repercussão

Após a Primeira Guerra Mundial e a pandemia de gripe de 1918, muitos norte-americanos recorreram ao espiritualismo como uma forma de lidar com o luto. Hamilton, no entanto, rejeitava o espiritismo como religião popular e mantinha uma abordagem mais científica, destacando suas habilidades fotográficas como forma de legitimar suas investigações.

O Legado e a Influência Cultural

Entre as guerras, cientistas de mente aberta investigavam as chamadas forças invisíveis, como a “força psíquica”. As imagens de Hamilton influenciaram gerações futuras e foram redescobertas e apreciadas por artistas e acadêmicos após a digitalização do seu acervo em 2001.

É intrigante refletir sobre como as sessões espíritas de Hamilton e as palestras de Doyle podem informar nosso entendimento contemporâneo do luto e da mortalidade. A capacidade de Doyle e Hamilton de explorar e documentar essas experiências oferece uma visão profunda sobre o papel do espiritualismo como uma resposta ao trauma coletivo e pessoal.

A passagem de Arthur Conan Doyle por Winnipeg e sua interação com os Hamiltons destacam uma época fascinada pelo desconhecido e pelo sobrenatural. Suas experiências, capturadas através de narrativas e imagens, continuam a influenciar e a inspirar, mostrando que o interesse humano pelo paranormal e pela vida após a morte persiste através dos séculos.

O que diz a doutrina espírita Kardecista?

No capítulo intitulado “Da teoria das manifestações físicas”, situado na Segunda Parte e correspondente ao Capítulo 4 de “O Livro dos Médiuns”, Allan Kardec, figura central do Espiritismo, explica as manifestações físicas dos Espíritos, com foco especial nos fenômenos de mesas girantes. No referido capítulo, o Espírito São Luís explica os mecanismos subjacentes aos fenômenos mediúnicos.

Assim, é detalhado os vários tipos de manifestações físicas, que vão desde o movimento e levitação de objetos até sons e visões espirituais.

O livro diz que cada fenômeno foi cuidadosamente analisado, desvendando suas particularidades e o impacto que têm na nossa percepção do mundo espiritual.

A energia que impulsiona essas manifestações, como explicado, é o fluido universal, uma criação divina.

Esta substância essencial, que acreditam existir os espíritas, onipresente em todo o universo e constituinte básico de tudo, é manipulada pelos Espíritos para intervir no mundo material, produzindo efeitos que desafiariam a lógica comum e pavimentariam o caminho para novas descobertas.

Assim, o médium desempenharia um papel crucial na interação com o mundo invisível, devido à sua habilidade de emanar fluido animalizado, uma forma condensada do fluido universal que forma o perispírito, um elemento que serve de conexão entre o Espírito e a matéria.

O perispírito, então, atuaria como matéria-prima para os fenômenos físicos, estabelecendo uma conexão entre as dimensões material e espiritual.

Dessa forma, é explicado que os espíritos não têm capacidade física, como entendemos, para mover objetos. Sendo etéreos, eles necessitam de um intermediário, o perispírito, para influenciar a matéria densa.

Através da combinação de energia do fluido universal (que existe no corpo do médium) e a influência do perispírito, os Espíritos movem objetos pela força de sua vontade e pensamento.

Similarmente, os Espíritos podem também criar sons pela interação com o ar.

No tocante a movimentação de objetos, para que tal fenômeno aconteça, ele é saturado pelos fluidos do Espírito e do médium, ganhando temporariamente uma forma de vida artificial, ainda que sem uma vontade própria, movendo-se unicamente sob o comando do Espírito responsável pela manifestação.

Dessa forma, para que as manifestações físicas ocorram, é necessária a presença de um médium com habilidades desenvolvidas específicas para fenômenos físicos, bem como um ambiente harmonioso que favoreça a conexão com o plano espiritual.

 

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